REIKI E AUTOCURA: A RESPONSABILIZAÇÃO PELO ESTADO DE SAÚDE

Este texto é a transcrição da comunicação efetuada no IV Encontro Nacional de Reiki, decorrido em Fátima a 26 de Janeiro de 2014, organizado pela Ordem da Pomba. O tema do Encontro foi “O Reiki e a Saúde” e, neste sentido, a escolha de apresentar uma comunicação sobre a autocura relaciona-se com o facto de só nós nos podermos curar a nós proprios, só nós sermos senhores do nosso caminho e responsáveis por tudo o que nos acontece na vida. O Reiki é uma dádiva para esse caminho, facilitando a ajudando todo o processo. É a prova de que não estamos sozinhos.

Boa tarde a todos o meu nome é Joana Correia, sou terapeuta e mestre de Reiki e responsável pelo espaço ReikiLuz no Porto.

O tema que vos trago hoje é “Reiki e Autocura: a responsabilização pelo estado de saúde”. Dentro do tema geral desta conferência – “o Reiki e a Saúde” eu optei por uma vertente mais relacionada com o autotratamento e a prática individual de Reiki através da iniciação. E vou explicar porquê.

Não há dúvida nenhuma que os tratamentos que fazemos às pessoas enquanto terapeutas têm efeitos, que as ajudam no seu processo de cura, que as ajudam a aliviar sintomas de doenças, que as ajudam a perspetivar a vida de outra forma e são o início de uma nova caminhada. No entanto, não há nada como vermos a transformação dessas mesmas pessoas a partir do momento em que elas fazem a iniciação e tomam a consciência, e tomam nas suas próprias mãos, o seu caminho de cura.

Posso dar alguns exemplos, enquanto terapeuta, tenho tido casos fantásticos de jovens que deixam de tomar a medicação para dormir, de pessoas que conseguem controlar a taques de epilepsia, não conseguem dominá-los totalmente mas deixa de ser o ataque completo e fica só uma dor de cabeça, conseguem prolongar o tempo que demoram até ter que tomar a medicação e isto ao fim de quatro sessões de reiki. É de facto maravilhoso o efeito que a terapia tem nas pessoas e a mudança que lhes dá. A mudança de horizontes, deixarem de estar limitadas à medicação e a uma vida, não diria tanto de sofrimento, mas uma vida de pena, e acabam por ter outras possibilidades, ver a cura no horizonte ou ver uma possibilidade de cura efetiva no horizonte.

Relativamente ao autotratamento, que era aquilo que eu de facto queria focar aqui, pela minha própria experiência e por aquilo que eu também tenho visto com as pessoa que tenho iniciado, a nossa responsabilização pelo processo é completamente diferente. E é diferente porquê?

Ninguém, ninguém, do meu ponto de vista, tem a capacidade de curar totalmente outra pessoa se essa pessoa não estiver aberta, recetiva e com vontade de se curar. Por isso é que podemos pensar nas palavras de Jesus, quando as pessoas lhe vinham pedir para ele as curar, ele muitas vezes dizia “ a tua Fé te salvou” porque de facto era essa vontade que as pessoas tinham de serem curadas que fazia com que a cura realmente se desse, que realmente acontecesse, independentemente do seu poder e da sua força de cura que era surreal e está longe daquela que nós podemos eventualmente ter. E nesse sentido, eu acredito que se não houver por parte da pessoa essa vontade de se curar, essa vontade de se transformar realmente,  nós podemos aliviar os sintomas, nós podemos reduzir a quantidade de medicação, nós podemos deixar a pessoa mais relaxada e mais recetiva ao processo de cura mas a causa primeira, aquilo que originou a doença, só ela é que a pode tratar.

E esse tratamento, essa cura, está muito relacionada também com a nossa mente, com os nossos pensamentos, porque se as doenças têm origem nesse desajuste da mente, nesse desequilíbrio da mente, no desequilíbrio dos nossos pensamentos, em formas de pensamento que nós alimentamos e que crescemos com elas e que ao longo dos tempos foram cristalizando em nós, nós próprios temos que as alterar, somos nós que as temos que alterar. E como é que as vamos alterar?

Vamos alterá-las controlando a nossa mente, claro, mas também modificando os nossos comportamentos. Porque se vimos uma vez à sessão de Reiki, se vimos duas vezes, três vezes, se nos sentimos bem nos dias imediatamente a seguir mas se realmente não houver essa alteração de comportamento vai voltar tudo ao mesmo. E quando vimos de novo passado uma semana, duas semanas de novo à sessão o que temos a dizer? “ah, no primeiro dia senti-me bem, no segundo dia senti-me bem, mas ao terceiro dia já não consegui”. Porque de facto não houve esse empenho da pessoa em transformar de facto o seu comportamento.

E perante a iniciação, a partir do momento em que a pessoa decide, “ok eu vou fazer a iniciação” aí, ela está-se a comprometer.  É o primeiro passo. E depois de o fazer, a cura está nas mãos dela.

Se ela praticar, um dia, dois dias, três dias e vê que se sente bem, se deixar de praticar e vê que passado uma semana as coisas não estão a correr bem, está nas mãos dela. Ela é que vai pensar “ok isto faz-me bem ou não me faz bem? Vale a pena fazer ou não vale a pena fazer?” e se ela não for fazer ela não vai conseguir encontrar de novo o seu estado de equilíbrio. E essa é que é a verdadeira responsabilização.

Para além disso há também uma transformação natural que ocorre e eu penso que todos aqueles que são iniciados em Reiki têm essa consciência, há uma transformação natural que ocorre e a própria mudança dos comportamentos e da mente, da mente ou do modo como nos relacionamos com a nossa mente se torna bastante mais natural. E naturalmente a mudança vai ocorrendo. Nós naturalmente nos vamos apercebendo que temos mais força, temos mais autoestima, estamos mais à vontade com certas situações, os nosso medos começam a dissipar-se, e deixa de ser tão pesado, deixa de ser um esforço tão grande para nós fazer essa alteração, porque o próprio tratamento diário ou continuado, digamos assim, a longo prazo, vai naturalmente dissipar todas essas impurezas e todas essas dificuldades que nós temos. Torna-se tudo bastante mais fácil.

E aquilo que à partida parece ser uma palavra bastante pesada “ a responsabilização” pelo estado de saúde, acaba por ser um processo natural, um processo de equilíbrio, no qual nós nos empenhamos, e que faz sentido para nós. Porque o caminho de cada um é único. E ninguém o vai percorrer por nós, somos nós que temos que dar os passos, somos nós que temos que enfrentar as dificuldades, somos que temos que nos curar. O dom da autocura está dentro de todos nós. E o que o reiki faz é permitir-nos explorar essa dom, trabalhá-lo, desenvolvê-lo e nesse sentido, curar-nos a nós próprios, darmo-nos um caminho melhor.

Eu trouxe alguns, trouxe dois testemunhos de iniciados que quero partilhar convosco antes de terminar. Revendo só aquilo de que falei: o estado de doença relaciona-se com a nossa mente. E é exatamente na mente desequilibrada que vai começar todo o bloqueio que mais cedo ou mais tarde vai acabar em estados de doença, quer física, quer emocional, quer mental. E é o modo como nos vamos relacionar com esses pensamentos, o modo como os vamos alimentar ou não, que vai fazer com que essa doença venha ao de cima, com que o desequilíbrio venha ao de cima e seja mais difícil para nós mantermos o nosso estado de equilíbrio. E aí é quando normalmente começamos a pedir ajuda.

Fundamental, a cura vem da higiene da mente e da mudança do comportamento. Porque se nós praticarmos Reiki, mas também não mudarmos esses comportamentos de nada serve praticarmos o Reiki. E às vezes demora muito tempo, e não tem mal nenhum, é natural, é o processo de cada um. Demora muito tempo a apercebermo-nos que não chega fazer o Reiki todos os dias, mesmo para os iniciados, não chega fazer o Reiki todos os dias. Na vida prática, na experiência, nós temos que mudar o nosso comportamento, não podemos andar sempre a fugir e esconder-nos debaixo da mesa sempre que eles surgem e temos de facto na prática, na experiência, que é isso que estamos aqui para fazer, é a experiência, a experiência da matéria, temos que alterar os nossos comportamentos. E aí sim, somos capazes de ver efeitos diferentes e efeitos novos, e vemos a cura também a ocorrer.

Nesse sentido, e por isso é que eu valorizo tanto o autotratamento e o caminho da autocura, estamos num caminho de autoconhecimento. E não há nada mais gratificante do que isso, o nosso autoconhecimento, sermos capazes de olhar para dentro e de nos conhecer: sabemos o que queremos, sabemos o que não queremos, sabemos o caminho que temos a percorrer, sabemos o que temos para melhorar, porque todos temos sempre para melhorar, essa é a maior dádiva que podemos ter, esse caminho de autoconhecimento. E isso só nós é que nos podemos oferecer a nós próprios, não podemos depender de mais ninguém para o conseguirmos fazer.

Finalmente, os dois testemunhos, este primeiro testemunho diz o seguinte:

“… o Reiki fez-me encarar o meu dia a dia de forma diferente, ou seja não me preocupar tanto com o dia de amanhã e não sofrer por antecipação. Levo um dia de cada vez e aprendi a agradecer tudo o que Deus me dá, tanto o bom como até o mau, porque sei, por vezes o que me parece mau, mais tarde vejo que veio por bem.”

Eu não vou estar aqui a apresentar muito a pessoa, não é necessário, isto é uma iniciada do primeiro grau, que abraçou digamos assim os princípios de Reiki. Não foi tanto o autotratamento, a prática do autotratamento embora ela também pratique com frequência, que fez mais sentido para ela, mas foi sim a mensagem mais mental que Mikao Usui nos deixou, que a ajuda no dia a dia a olhar para a vida de um modo diferente e fazer um esforço também ele mental, para estar com uma postura e um comportamento também diferente na vida e é isso que a tem ajudado a ela particularmente.

O segundo testemunho:

“Depois de anos considerado pela medicina ocidental como doente bipolar, encontrei no Reiki o caminho da minha verdadeira identidade, de momento, médico algum me pode chamar doente, e sou eu quem os ajuda a tratar quando a sua ciência atinge os limites do seu conhecimento.”

Isto é um testemunho de um iniciado de segundo grau, não é nenhum mestre, é um iniciado de segundo grau, um iniciado muito recente, mas que abraçou de tal forma toda a filosofia e a prática do Reiki que em pouquíssimos meses conseguiu uma evolução fantástica, conseguiu um autoconhecimento fantástico e conseguiu desenvolver uns dons de cura sobrenaturais.

Tem a ver de facto com o modo como nós nos empenhamos com o modo como nos responsabilizamos pelo nosso caminho e não tanto com aquilo que outras pessoas podem fazer por nós. Porque o que eles conseguiram é fruto do trabalho deles e não fruto meu como terapeuta. Foram eles que todos os dias percorreram este caminho, foram eles que todos os dias praticaram e fizeram o esforço de alterar os seus parâmetros, de alterar a forma como encaravam a vida. É obvio que este iniciado deixou de tomar qualquer tipo de medicação, neste momento não necessita de tomar qualquer tipo de medicação, deixou também toda as outras terapias que fazia e acompanhamento psiquiátrico que tinha e neste momento de facto é ele que conheça a ajudar as outras pessoas a percorrerem esse caminho de cura.

Para terminar, queria focar mais uma vez que de facto o Reiki é a cura na palma da mão e que de facto todos temos a possibilidade de encontrar essa cura. Obrigada.

Artigos Relacionados